35.

Sabem para que me quería a mulher do patrão pertinho dela?

Não, nada disso, suas mentes torcidas!


Quería dar-me o meu presente. Este ano veio mesmo cheia de novidades... Não foram as habituais peúgas, foram umas luvas. Pretas como as de um cangalheiro. Sem dedos, para eu poder folhear os livros à vontade, diz ela, mas que pensou nas minhas artroses (Que alma piedosa esta!), mas olhe que eu não tenho artroses! Ah, não? E gota? Também não. E não lhe adormecem as mãos? Não... Ainda não, Sr Guarda-Livros, mas deixe que a idade não perdoa e daqui a nada me contará! São dores, dores e mais dores! Um verdadeiro calvário! E um panarício? Não, lamento... Pois, logo me dirá! Verrugas? Também não.


Ah! Mas vejo que tem os dedos amarelos!


Quem ? Eu?


Isso é icterícia! Olhe que não Madame... O quê? Oh Senhor Guarda-Livros!!! Não me diga que anda a fumar aqui?! Olhe que se anda vou ter que contar ao meu marido! Ando nada, não fumo nada! Não? Não! Tem a certeza? Absoluta!


Então ponha as luvinhas para eu ver como lhe assentam! Ai que bom! Eu tenho olho para isto! Sabía que era mesmo a sua medida!


Devía de haver uma medida qualquer para este tipo de pessoas. Uma medida que não as deixasse alargar, largar bacoradas e abrir as portas em dia de largada!

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