Estou uma lástima. Ninguém me dá a idade que realmente tenho. As costas curvadas de tanto peso que levanto, a tez acinzentada por pouco ver a luz do dia. Ninguém se importa, posso para aqui morrer que só darão pela minha falta se baterem ao postigo e ninguém aparecer para atender. De outra forma...
A verdade é que ninguém pensa em mim, e com isto não falo da minha pessoas mas da minha profissão. Quem é que nutre simpatia pelo Guarda-Livros? A maioria das vezes confundem-me com um gajo qualquer da contabilidade. Essa é que era: horário certinho, serviço sempre em dia, fim-de-semana, férias pagas e depois aquele respeito que a própria designação profissional tem: TOC.
TOC
TOC-TOC-TOC
Até a sonoridade impõe admiração.
Agora experimente-se dizer o mesmo em relação a mim: TOL
TOL-TOL-TOL
(Já os estou a ouvir... O quê? Tola? Tolo? Ah Tolstoi, mas é gago!!!)
Pois. A diferença que uma única letra faz. É todo um respeito que se perde.
Deve de haver uma designação melhor para a minha categoria profissional... Vou pensar maduramente nesta questão e em breve vou comunicá-la ao patronato. Isto não é só exigir.
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