O telefone tocou. Fiquei logo a pensar o que sería... Já estou à espera de tudo, e coisa boa não é...
Era o patrão.
Sim senhor, fique descansado. Concerteza, concerteza. Fico à espera, então. Estou sempre cá, não há problema, é um prazer, uma honra!
E pronto. O costume: a esposa do patrão que vem para fazer as decorações natalícias, que eu esteja preparado para a receber. Claro que estou. Estou sempre de prontidão. Não é esta a minha vida? Estar à espera. Dos outros claro, que por mim ninguém espera.
Eu espero que ela traga um pinheiro artificial... O do ano passado era natural e aquela porcaria secou num instantinho! Eram só agulhas espalhadas por todo o lado e quem teve que fazer a faxina fui eu! Isso e desmontar aquelas luzinhas com aqueles fios embaraçados em tudo, mais as bolas, e aquelas fitas muito brilhantes que me dão cabo da vista!
Ela vem e monta. Depois estou cá eu para desmontar.
Vai ser uma fona. Sempre a chamar-me, a pedir-me para eu pendurar isto e mais aquilo nos lugares mais esquisitos e mais dificeis e mais altos... tudo sempre com aquela frasezinha irritante do Tenha paciência...
MAIS???
Eu sou um santo! A paciência em carne e osso!
Na volta ainda me há-de pedir um cházinho... Eu não sou copeira, sou Guarda-Livros! Não sou decorador, sou Guarda-Livros! E no final, para rematar em beleza: Toma lá um par de peúgas!
Apetecía-me mesmo dizer-lhe a quem ela devía oferecer as peúgas... de nylon!
Devía de haver uma regra no meu código de trabalho que não obrigasse o guarda-livros a ter que levar com a mulher do patrão... Ainda mais com umas pernas gordas que nem um presunto!
4 comentários:
olá simpático. vens?
loulou
Ai Menina Loulou!
Não sei onde, mas vou!
(Então não vou?!)
e no dia em que a mulher do patrão aí for não podes faltar?
arma-te em deputado.
Ó das casas!
Tu queres que eu perca o ganha-pão?
Havía de ser bonito...
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