27.

Com que então relógio de ponto?

Acaso pensam que não cumpro escrupulosamente o horário? Que me baldo?
E as horas que dou aqui? Os serões?

Isso não conta não é, pois...


O patrão ligou: A partir de agora é para picar quatro vezes ao dia. De manhã, ao almoço, saída e entrada e no final do expediente.

Mas o senhor sabe que eu estou sempre aqui, que faço o meu serviço, para quê essa desconfiança ao fim de todos estes anos?
Não é desconfiança, é por causa dos gajos da Inspecção. Assim não o agarram mais.


Ah! Já podía ter dito!


Claro! Mas continua a contar comigo para estar disponível, como sempre, nada mudou, é só aquilo do relógio de ponto para não haver chatisses...
E já agora... Como vão as entregas do Natal? Não quero nada atrasado, tudo catalogado e nos sitios!
Vá lá, que depois na consoada lembra-se de mim...


Pois lembra! Mais um par de coturnos e um cartãozinho miserável!


Devía de haver mais consideração. Afinal isto da antiguidade também é um posto e eu já merecía uma condecoração.

Hei-de morrer em serviço, essa é que é. E nem viúva há para ficar com a pensão...

2 comentários:

coelhinho disse...

olha, aquilo que trabalhamos é sempre demais para o que eles pagam.
sabes, quando me chateiam faço merda, é ganatitas por todo o lado. faz o mesmo.

coturnos e cartões!!!!

GUARDA-LIVROS disse...

Sabes Coelhinho... isto é tão miserável, mas tão miserável, que se eu fizer merda quem tem que a limpar...chuif, snif,snif... sou eu.

(ganatitas? ganatitas? pois que sejam ganatitas!!!)