38.

Está tudo tão calmo que até mete medo...


Nada se passa, não entrou um único exemplar novo ou até mesmo uma reedição que seja para me animar e tirar-me deste marasmo.


Sinto-me completamente sózinho no mundo. Um frio terrível paraliza-me até o pensar e como não há nada para arquivar os movimentos estão limitados ao minimo. Como o aquecedor não dá para nada ando de cobertor pelas costas. Agora é que fazíam falta as peúgas da mulher do patrão... e estas luvitas são tão miseráveis que tenho os dedos encarquilhados.


Nem consigo fumar, só o posso fazer de postigo aberto e o frio está de rachar.


Mil e uma coisas passam-me pelo pensamento. Acho que comecei a ter visões, vejo sombras, vultos projectados nas prateleiras... Talvez sejam só as personagens que saíram das suas encadernações e vieram aquecer-se um bocado... Não sei, já não sei de nada.


Deve de haver alguém que se lembre de mim, que ache que isto não é maneira de viver para ninguém... que a loucura é capaz de me atingir.

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