39.

Fui chamado lá acima.


O patrão.

(Estava-se mesmo a ver...)


Mandou-me sentar. Nunca o tinha feito. Fiquei logo de pé atrás. Que tinha estado a analisar os núemros e medidas têm que ser tomadas rápido e com todo o rigor. Tornei-me seriamente apreensivo pelo seu tom de voz, não me olhava, só mexía na porcaria dos papéis e não saía dos rodeios até que...


Vou ter que lhe reduzir o salário!


Levei um soco no estomago! O QUÊ? Mas estamos a brincar?


É isso mesmo. Um corte, uma coisita quase de nada no salário, mais exactamente, o subsidio de almoço, embora continue a constar na folha de vencimento, já se sabe que os sacanas da Inspecção andam de olho em tudo! É preciso precaução, isto é coisa passageira, há que fazer sacrificios, todos o fazem, até ele (ele, patrão) já tinha começado a pôr em prática algumas medidas, tais como...


Esta parte não percebi. Ainda apurei o ouvido, afiei as orelhas mas foi absolutamente inteligível o que ele disse...


Então... E esses cortes, são para quando? É para já, no final do mês quando receber o envelope não se admire, já está avisado. É tudo, pode ir.


E já agora, continua a contar com o meu profissionalismo. Sim senhor. Com a minha assiduidade. Sim senhor. Com a minha disponibilidade. Sim senhor. E com a confiança, ou seja, bico calado.


Justiça, deve de haver por aí alguma... para mim e para este grande filho da p!

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