41.

Chove copiosamente.


Neste dias gosto de me dedicar de corpo e alma à poesia. Gosto da tristeza que ela me provoca, dos frémitos de dor e saudade, sou o poeta. Sou o fingidor e eu também. Este, aquele e ainda o outro. Leve, levemente como quem chama por mim. Torno-me carinhosamente ridiculo como uma carta de amor.


Gosto de me vestir de poeta. Mas só nos dias em que chove a direito.


Devíam de haver mais dias de poeta, devíam de haver mais dias em que me encontro comigo como a chuva encontra a terra.

2 comentários:

coelhinho disse...

senhor Guarda Livros,
nunca o julguei possuidor desses sentimentos.
fiquei satisfeito por saber.
em tempo de chuva, vista-se de poeta à vontade, mas não esqueça o impermeável e o chapéu de chuva.

mas oiça, não sei se deverá ler à mulher do seu patrão os seus poemas...

GUARDA-LIVROS disse...

Coelhinho, eu tenho coração!

Sou um Guarda-Livros muito sensível!
Embora não transpareça neste fato puído nem na minha expressão sisuda, sofro muito cá no fundo...

E olha, chuva civil não molha Guarda-Livros.

... Embora com a esposa do patrão, quem anda à chuva molha-se...