40.

Ela era bonita e burra. Demasiado bonita e também demasiado burra. Terminava as frases com um tá a pecebere? Fosse qual fosse a questão colocada. Olhava as estantes, a luz, o postigo, o cinzeiro (vazio, vazio!), o quadro eléctrico, o aquecedor e fazía hummmm. Uma coisa prolongada que parecía vir de lá de dentro.


Eu limitei-me a andar atrás dela (e bem que merecía a pena!), a segui-la, a responder sem grandes explicações às perguntas. Mesmo pecebendo-a.


Tenho a certeza que o patrão não sabía de nada disto.


Comisão de Higiene e Segurança no Trabalho.


Desencantam cada uma!


Diz que depois faz chegar o relatório a quem de direito. A quem? Não deve ser a mim... Isto é mais uma daquelas coisas que não serve para nada, estão-se lixando se tenho frio ou se a luz é suficiente. Insistem é na porcaria dos cigarros. A lei. Pois, já me tinhas dito, filha!


Devías era vir para aqui amochar comigo, alancar com os calhamaços escada acima e a levares com a freguesia... Devía-te passar num instantinho esse hummm.

Sem comentários: