19.

Até ao Natal vai ser uma estafa.
Todos os dias me aparecem aqui com os exemplares que hão-de lançar até à altura das compras e em que o pessoal tem uns dinheiros para torrar em porcarias que não servem para nada.
Assim são muitos dos livros que aqui entram: uma pepineira. E uma canseira para mim, que não páro de entrar na pele do homem das barbas brancas para logo a seguir fazer de serial killer ou de gaja esquizo que para além de gostar de levar atrás faz colecções de embalagens de sumo.
Tudo aparece e o curioso é que se vendem.
De mim ninguém se lembra... vá lá, a mulher do patrão manda-me sempre um par de peúgas de lã acompanhado de um cartão festivo que quando se abre toca o White Christmas. Fico a ouvi-lo até a pilha acabar...
O que eu gostava mesmo de receber este ano era uma assistente. Sempre era uma companhia, alguém com quem falar, dava-me uma mãozinha... as duas, uma perninha... ai, é melhor deixar de sonhar alto.
Deve de haver alguém que se lembre de mim. Que se lembre que sou simpático e estou aqui para receber quem chega e mais! Quem lhes guarda as obras e cuida delas sou eu, não um desconhecido qualquer, mas eu, o Guarda-Livros.

2 comentários:

coelhinho disse...

pois é, mas já vi que tu és como eu, não acreditas que há pai natal.

GUARDA-LIVROS disse...

Pois não.
Acaso o Pai Natal já se dignou saber como estou? Se me portei bem?
Não!
Logo, não existe!