47.

Naquele dia pensei que era o fim. O fim do mundo em cuecas. As dela, claro está, muito parecidas com uma fronha de almofada, credo, gigantescas... Só de o lembrar fico com os pêlos em pé!


Sim, que nada mais se põe de pé perante tal terror! A mulher apertou-me, amolgou-me, esfregou-se, despiu-se, gemeu! Dei graças por pertencer à única espécie de mamíferos que não tem osso naquele sitio. Coitado de mim se fosse chimpazé, o único no mundo que tem uma pequena protuberância óssea... Tería sofrido uma fractura quase de certeza!


Fez-me um gancho entre pernas que me sufocou e quando consegui uma réstia de ar, a única coisa que me lembrei de dizer, fraquinho, foi Campainha... A mulher começou aos guinchos, que era o marido (o meu patrão, estão a ver?), que nos ía matar, que estava desgraçada. Mandei-a calar. Várias vezes. Mas estava possessa, não me ouviu. Enfiei-lhe o cuecão na boca gigantesca a ver se a acalmava mas ela rápido as cuspiu.


Eu é que não me acalmei.


Sabem o que fez?


Desatou aos gritos a acusar-me de a violar... Estão a ver a minha sina?


Deve de haver uma maneira de empandeirar este toucinho ambulante sem me entalar, pensei eu. E pensei bem. Fiz o sacrificio de lhe dar um beijo para a calar. A mulher parecía um aspirador e acabou por me libertar do pequeno troço de torresmos que ainda me asfixiava.


Bom, só vos digo que entretida a roer o petisco foi num instantinho que a pus a andar...


Deve de haver uma forma de me precaver contra futuros ataques. É que não sei se na próxima terei tanta sorte.

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