48.

E é isto.

Depois de muita agitação, muita acção, nada.


Não se passa nada mesmo.


Até os meus próprios passos se abafam entre as prateleiras e quase sinto que não existo. Os personagens andam todos friorentos e nem se atrevem a deitar o nariz de fora para se meterem comigo.


É isto. Às nove da noite está tudo recolhido.


Fico sózinho comigo mesmo, com os meus pensamentos, as minhas recordações. Às vezes conto histórias a mim próprio, volta e meia lá aparece um personagem que se acerca, escuta, fica junto ao aquecedor, lágrimas nos olhos. Só sei contar histórias tristes. É da minha vida. É a minha vida.


É a vida de um Guarda-Livros contada na 1ª pessoa.


Deve de haver por aí, por esse mundo afora, outros Guarda-Livros que não contem histórias tristes, que tenham alegrias a gritar. E também uma ajudante para os ajudar a suportar tamanha solidão.

2 comentários:

coelhinho disse...

é pá, escuta cá, os únicos guarda-livros que têm alegrias são aqueles a quem o patrão paga copiosamente para falseficarem as contas. mas esses, mais tarde ou mais cedo serão apanhados e então gritarão, mas não de alegria.
deixa-te estar sossegado, e, enquanto papas a gorda pensa numa qualquer boazona. se consegues fazê-lo quando te masturbas, também consegues quando estás com ela.

GUARDA-LIVROS disse...

E acaso tu és diferente de mim, Oh Coelho?!

És?