62.

Ainda não estou em mim. Não sei se pelas ordens e pelo descaramento de as transmitir se por mim mesmo, Guarda-Livros, que as acatei de cabeça pronta para ser decepada.


Telefonema do patrão, na véspera do 1º de Maio.


É isso mesmo que estão a pensar: Não houve feriado algum, se é para se comemorar o dia do trabalhador que se trabalhe.


Eu disse-lhe que era uma data histórica, uma homenagem, uma conquista, os direitos e os deveres, a liberdade, A LIBERDADE (até me emocionei, palavra!)


Deixe-se dessas merdas de vermelho que isso é conversa para adormecer! E não me venha com aulas de histórias, aqui a estória é outra, é você que está armado em calinas e quería ver se me papava um diazinho a pagar-lhe! Pensava então que isto era fim-de-semana prolongado?! Eu dou-lhe as liberdades! Quer liberdade? Eu dou-lha: Ou trabalha amanhã ou desconto-lhe o dia, agora você escolhe! É livre para escolher!


Desligou.


Sem que eu pudesse dizer o que eu escolhía, sem eu poder exercer o meu direito de cidadão e livremente dizer-lhe...


No 1º de Maio cá estive a trabalhar. Um escravo nas galés, agrilhoado a um passado, presente e futuro que é cego à democracia.


Deve de haver um castigo planeado por uma força maior para este tipo de pessoas. Fascista. Reaccionário. Nazi.

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